domingo, 21 de setembro de 2008

Convivência Pacífica - Yoga e Atividades Físicas

Não recentemente, mas há uns dois anos atrás, muito se falava do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) encampar e regulamentar a prática do yoga. Explodindo como modismo, emprestando suas técnicas a aulas como a do body balance, o yoga, na época, era dado como panacéia, método capaz de cuidar, a um só tempo, do corpo e da alma.

Hoje – e, veja só, são apenas dois anos – há um consenso de que o yoga não seja apenas uma atividade física, mas toda uma filosofia, milenar por sinal, que ajuda o homem a desenvolver sua espiritualidade partindo do corpo para atingir o psíquico. É aceito que o professor de yoga não seja um professor de educação física, mas de educação espiritual, moral, comportamental. O corpo e a saúde física, no yoga, são instrumentos para o autoconhecimento, para atingir a expansão da consciência e para alcançar um estado em que o homem esteja unido a si mesmo. Aliás, yoga, em sua raiz sânscrita, significa justamente isto: união.

Quando uma pessoa vem fazer yoga, ela está predisposta a aprender como se sentir melhor, a descobrir os mecanismos que a estressam, a observar que a saúde não vem apenas com a prática de exercícios físicos, mas com uma revisão de hábitos – desde alimentares, de lazer, de rotina de trabalho e estudos a relacionamentos – e de disciplina para pô-los em prática.

E, dentro desta revisão de hábitos, muitas vezes nos deparamos com alunos que precisariam fazer atividades físicas, paralelamente ao yoga, e não o fazem, seja por qual motivo for – inclusive porque seu professor de yoga não recomenda. Diante deste quadro, eu arriscaria dizer que, se o yoga convive pacificamente com a educação física nas academias de ginástica, já nos estúdios de yoga esta convivência careceria de maior intimidade.

Nos Estados Unidos (sempre lá) há esportistas unindo yoga ao seu treino profissional; há professores de yoga juntando yoga e exercícios aeróbicos, senão na mesma aula, como também na orientação durante a anamnese do aluno que se matricula. Conheço alguns professores que praticam musculação e atestam que sua prática de yoga se desenvolve melhor. E atletas amadores que dizem que o yoga trouxe uma nova dimensão para sua prática esportiva, começando a enxergá-la não apenas pelo prisma físico, mas, sobretudo, espiritual.

Gandhi lutou pela independência da Índia praticando ahimsa, que é o preceito hindu e yogue da não-violência. É na convivência pacífica e na colaboração mútua que professores de yoga e professores de educação física poderão dedicar-se ao seu propósito que, no final das contas, é educativo: educar o aluno para um estilo de vida comprometido com tudo aquilo que lhe fará bem, desde o exercício, até a meditação.

Namastê. (Saudações.)

Mayra C. Castro

Este artigo foi originalmente publicado na coluna Cultura Corporal, do professor Carlos Mosquera, no Jornal do Estado, no dia 30 de maio de 2008.

Nenhum comentário: