quarta-feira, 2 de maio de 2012



CIDADÃO CORPO
O Hábito do Exercício Físico
Por Hamilton Mamedes
Para que se estabeleça uma relação de prazer com o movimento é preciso que o gesto acorde rapidamente em nosso interior ao menos algumas sensações prazerosas. E evitarmos o desconforto das ações mecânicas que nos vemos muitas vezes realizando.
Como lidar e despertar as potencialidades e as sensações prazerosas do Corpo Humano?
Acontece com bastante frequência um cidadão se defrontar nas livrarias com um novo manual de exercícios e adquirir um exemplar com entusiasmo. Acontece também de ele sequer experimentar a primeira lição deixando o livro empoeirar na prateleira. O desejo de introduzir o corpo numa disciplina se acende como uma chama verdadeira, porém extingue-se rapidamente. Sem que o indivíduo perceba por que, o despertar dessa aspiração é interrompido e jamais chega a constituir um hábito.
Com a repetição desse processo, em lugar da continuidade de um projeto corporal, nos tornamos possuidores de uma incoerente coleção de livros, vídeos e mesmo recibos de inscrição em academias. É provável, então, que certo sentimento de irresponsabilidade para consigo mesmo se apodere do cidadão. Essa impressão, somada às nossas frustrações em outros setores, acaba ativando um mecanismo de defesa que dissipa pontualmente qualquer impulso para o exercício corporal.
Procurando encontrar um caminho para despertar o hábito do movimento em meus alunos, percebo que não é pela via lógica e racional que conseguiria motivá-los. Tenho que atingi-los no seu mais profundo sentido corporal, com sensações internas das diferentes partes do corpo e suas combinações. Nosso corpo possui identidade própria e ela precisa ser despertada para que possamos ter o hábito e a organização do movimento em nosso interior, proporcionando assim imenso prazer, tanto na realização dos movimentos cotidianos, quanto na prática do exercício.
Antes de mais nada, portanto, devemos provocar uma mudança de qualidade em nossa relação com o movimento. Sem dúvida nenhuma, é sempre um relacionamento consciente que poderá mudar nossa disposição corporal e é muito difícil estabelecer uma relação de prazer com aquilo que não toca direta e prontamente nossos sentidos.
 Acordar para o movimento e aprender a saboreá-lo, permitindo sensações prazerosas e nos libertar dos gestos de automatismo estereotipado no qual nossa sociedade e seus cidadãos se enveredaram.
CONSCIÊNCIA E AUTONOMIA CORPORAL
O hábito de uma atividade física constante e que venha imprimir uma qualidade de vida ao indivíduo e seu CORPO, que o ajude não apenas a desempenhar exercícios mecânicos e isolados, mas buscar o gesto essencial, o gesto fundamental, que se constitui (ou deveria constituir-se) em sua origem motora, independente de qualquer carga psíquica ou mental. Conscientes de suas funções e obrigações, ao invés de estudarmos como a personalidade molda o movimento, iremos investigar como podemos construir e aperfeiçoar nossa  identidade por meio do gesto e apoiando-se no gesto sendo capazes de expressar como  CIDADÃO CORPO, despertando e adquirindo consciência através do movimento e estabelecer-se  na sociedade  com autonomia e identidade corporal. Cada indivíduo deve estar presente em seu corpo e ter seu corpo presente para si.