Em nosso corpo existem sete chakras, ou centros de energia, que ficam
bloqueados devido a tensões constantes ou a uma baixa autoestima. Ao praticar
posturas que correspondem a cada chakra, podemos aliviar estes bloqueios e
abrir caminho para uma maior consciência.
O sistema de chakras proporciona uma base teórica para adequar a nossa
prática de Yoga à nossa personalidade e às circunstâncias. Tradicionalmente, os
indianos viam o corpo como se contivesse sete chakras principais, ordenados
verticalmente desde a base da espinha até o topo da cabeça. Em sânscrito,
chakra é uma palavra que significa roda, e estas “rodas” foram representadas como
vórtices giratórios de energia.
Cada chakra está associado a funções específicas do corpo e a questões
específicas da vida e à forma como lidamos com elas, tanto dentro de nós mesmos
como em nossas interações com o mundo. Os chakras são centros de força e podem
ser considerados os locais onde recebemos, absorvemos e distribuímos as
energias da vida. Através de situações externas e hábitos internos, como tensão
física contínua e uma autoimagem limitada, a energia do chakra pode se tornar
tanto insuficiente quanto excessiva e, portanto, desequilibrada.
Este desequilíbrio pode se desenvolver temporariamente devido a desafios
situacionais ou podem ser crônicos. Um desequilíbrio crônico pode se originar
de experiências vividas na infância, estresses ou sofrimentos passados, além de
valores culturais internalizados. Por exemplo, uma criança cuja família se muda
frequentemente de cidade pode ter dificuldades para aprender o que é se sentir
enraizado em um local, e pode crescer com um primeiro chakra deficiente.
Um chakra deficiente não recebe a energia adequada e nem revela
facilmente a sua energia para o mundo. Há uma sensação de estar física e
emocionalmente fechado na região de um chakra deficiente. Pense nos ombros
caídos de alguém que está se sentindo deprimido e sozinho, com o chakra do
coração retraído no peito. O chakra deficiente precisa ser aberto.
Quando a energia de um chakra é excessiva, ele fica sobrecarregado para
funcionar de forma saudável e se torna uma força dominante na vida da pessoa.
Por exemplo, alguém com excesso de energia no quinto chakra (garganta) pode
falar demais e ter dificuldade de escutar os outros. Se este mesmo chakra for
deficiente, a pessoa pode ter constrangimento e dificuldade de comunicação.
Muladhara Chakra (Raiz)
Minha aluna Anne me ligou recentemente para agendar uma sessão
particular de Yoga. Por causa do trabalho de seu marido, alguns meses antes ela
havia se mudado do estado da Geórgia para a região metropolitana de São
Francisco. Apesar de ter gostado da mudança, ela ainda não estava se
familiarizando com a casa nova e tinha dificuldades em encontrar um emprego
como designer gráfica. Além de sentir saudades da família, tinha medo de não
encontrar trabalho, o que a deixava cansada e com receio de pegar um resfriado.
Se a Anne tivesse procurado um consultor de carreiras, um psicoterapeuta
e um médico, cada um de seus problemas teria sido tratado em separado – e assim
ela teria certamente conseguido resolvê-los de forma bem sucedida. Porém, como
há anos tenho visto a vida através das lentes do sistema de chakras, uma forma
de entender a vida humana que combina Yoga e medicina tradicional indiana, eu
conseguia ver uma consonância nos problemas da minha aluna. E, o que é mais
importante, eu estava certa de que tinha condições de sugerir a ela posturas de
Yoga e outras práticas que a ajudariam a enfrentar cada um de seus desafios.
Os sintomas da Anne me pareciam uma deficiência no primeiro chakra. Isso
não era uma surpresa, pois as mudanças recentes na vida dela representavam
clássicos desafios ao primeiro chakra. O Muladhara Chakra (Chakra Raiz) está
centralizado no períneo e na base da espinha. Este vórtice de energia está
relacionado ao cuidado com nossas necessidades de sobrevivência, à afirmação de
uma sensação saudável de ligação à terra, de proporcionar cuidados básicos ao
corpo e limpar as suas impurezas. Entre as partes do corpo que se associam a
ele estão a base da espinha, as pernas, os pés e o intestino grosso.
As circunstâncias que arrancam as nossas raízes e causam uma deficiência
no primeiro chakra (o que aconteceu com a Anne) incluem viagens, mudanças,
apreensão, grandes alterações no corpo, na família, nas finanças e nos
negócios. Algumas pessoas, principalmente aquelas com mentes inquietas e
imaginação ativa, não precisam de desafios específicos para tornar este chakra
deficiente; elas se sentem “desaterradas” a maior parte do tempo, vivendo mais
na mente do que no corpo.
Experimentamos deficiências neste chakra como “crises de sobrevivência”.
Sejam elas brandas ou severas – ao sofrer uma ação de despejo, falência ou
apenas uma gripe – estas crises normalmente exigem uma grande ação imediata.
Por outro lado, sinais de excesso no primeiro chakra se refletem em ganância,
acumulação de posses ou dinheiro, ou a tentativa de se “aterrar” através do
ganho de sobrepeso.
Várias posturas de Yoga corrigem desequilíbrios no primeiro chakra,
trazendo-nos de volta ao nosso corpo e à terra, ajudando a nos sentirmos
seguros, protegidos e tranquilos. O Muladhara Chakra representa o “aterramento”
físico e emocional, está associado ao elemento terra e à cor vermelha, que tem
uma vibração mais lenta do que as cores que simbolizam os outros chakras.
Para ajudá-la a se “aterrar”, Anne e eu começamos a prática com foco nos
pés. Todas as posturas que alongam e fortalecem as pernas e os pés a favorecem
o primeiro chakra. Ela fez movimentos com um pé e depois com o outro sobre uma
bolinha de tênis, para que a pressão despertasse as solas (um mini-tratamento
de acupuntura) e abrisse as “portas” dos pés.
Para estimular os dedões e encorajá-los a se abrir para as posturas em
pé, ela se sentou com as pernas cruzadas e entrelaçou os dedos das mãos entre
os dedos dos pés, desde a sola até o topo dos pés. Depois, ela se ajoelhou
sobre os pés por alguns instantes. Após estes aquecimentos, fizemos uma hora de
aberturas de panturrilha, alongamentos dos tendões e posturas em pé, para
ajudá-la a abrir, fortalecer e fixar sua atenção para a parte inferior do
corpo.
Quando nossos tendões estão enrijecidos, a contração cria uma sensação
de que estamos sempre preparados para sair correndo. Conforme alongava a parte
posterior das pernas fazendo Uttanásana (postura do alongamento intenso) e Janu
Sirsásana (postura da cabeça no joelho), a Anne sentia alguns dos benefícios do
primeiro chakra: tranquilidade, paciência, uma vontade de desacelerar e ficar
quieta. Conforme ia fortalecendo os quadríceps e abrindo os tendões, conseguia
recuperar a autoconfiança e o engajamento necessário às próximas etapas que
encontraria em sua jornada. Os seus medos diminuíam à medida que se permitia
confiar na terra e em seu próprio corpo.
Anne e eu terminamos nossa sessão com uma série de posturas restaurativas,
como Supta Baddha Konásana (postura reclinada em ângulo fechado), Salamba
Savásana (postura do cadáver com apoio) e Salamba Balásana (postura da criança
com apoio). Todas elas ajudam a assentar uma mente hiperativa e encorajam a nos
rendermos à ação da gravidade. Ao final da nossa sessão, ela não estava mais
angustiada. Sentindo o próprio corpo como se fosse a sua casa, ela estava mais
bem preparada para os desafios que tinha que enfrentar.
Svadisthana Chakra (Quadril, Sacro, Genitais)
Em sânscrito, o segundo chakra é chamado de Svadisthana, que é traduzido
como “o seu próprio lugar ou base”, o que indica o quanto este chakra é
fundamental para as nossas vidas. Um aluno que esteja com problemas
relacionados ao segundo chakra pode estar enfrentando preocupações bem
diferentes das de Anne. O trabalho com o primeiro chakra destinava-se a colocar
as coisas em ordem. As atividades voltadas ao segundo chakra devem permitir que
haja movimento emocional e sensual em nossas vidas, para que possamos nos abrir
ao prazer e aprender a “seguir o fluxo normal das coisas”.
Associado aos quadris, o sacro, a coluna lombar, os genitais, o ventre,
a bexiga e os rins, este chakra está relacionado à sensualidade, sexualidade,
emoções, intimidade e desejo. Todos os nossos fluxos corporais têm a ver com
este chakra: circulação, urinação, menstruação, orgasmo, lágrimas. A água flui,
se movimenta e se transforma; um segundo chakra saudável deve nos permitir
fazer o mesmo.
Tentar influenciar o mundo externo não faz parte das atribuições do
segundo chakra. Em vez de exigir que o nosso corpo ou um relacionamento seja
diferente, o segundo chakra nos motiva a experimentar os sentimentos que surgem
conforme nos abrimos para a vida como ela é. Conforme nos permitimos aceitar
isso, saboreamos a doçura (ou amargura) da vida. Quando diminuímos nossa
resistência à vida, nosso quadril se solta, nossos órgãos reprodutores se
tornam menos tensos, e nos tornamos abertos a vivenciar nossa sensualidade e
sexualidade.
Junto com o segundo chakra na pelve, os outros chakras de número par (o
quarto, do coração, e o sexto, do terceiro olho) são relacionados às qualidades
“femininas” de remissão e sinceridade. Estes chakras exercitam o nosso direito
de sentir, amar e ver. Os chakras de número ímpar, encontrados nas pernas e
pés, no plexo solar, na garganta e na coroa da cabeça, estão relacionados ao
esforço “masculino” de empregar a nossa vontade no mundo, reivindicando nossos
direitos a ter, indagar, falar e saber. Os chakras masculinos, de número ímpar,
tendem a mover a energia através de nossos sistemas, empurrando-a para fora no
mundo, criando receptividade e calor. Os chakras femininos, de número par,
esfriam e atraem a energia para dentro.
No mundo moderno, o princípio masculino e feminino da vida está
desequilibrado. A energia masculina da ação e expressão frequentemente domina a
energia feminina da sabedoria e aceitação, causando um aumento do estresse em
nossas vidas. Por isso, muitas pessoas estão assumindo uma ética de trabalho
que ridiculariza o prazer e proporciona pouco tempo ao lazer e ao descanso.
Após ter trabalhado o segundo chakra em um workshop, uma aluna me contou como
era difícil se permitir ter prazer em sua vida, pois era viciada em trabalho.
Criamos um plano para que ela pudesse se permitir 20 minutos diários
dedicados ao poder curativo do prazer: ouvir música, fazer posturas suaves de
Yoga, receber uma massagem. Nossas vidas nos dão inúmeras oportunidades para
nos expressarmos e sermos ativos; precisamos ter certeza de complementar essas
ações com relaxamento e receptividade, tanto em nossa prática de Yoga quanto
fora dela. Harmonia exige equilíbrio. Em Yoga, isso significa criar uma prática
que combine força e flexibilidade, esforço e entrega. Qualquer desequilíbrio em
sua prática de Yoga será refletido nos seus chakras.
Em uma cultura tão confusa quanto a nossa a respeito de sexualidade,
prazer e expressão emocional, uma infinidade de caminhos nos levam a ter um
segundo chakra desequilibrado. Por exemplo, pessoas que foram educadas em um
ambiente onde as emoções eram reprimidas ou onde o prazer era negado terão
maior propensão a ter falta de energia no segundo chakra. Os sintomas de
deficiência no segundo chakra incluem o medo do prazer, distanciamento de seus
próprios sentimentos e resistência a mudanças.
Problemas sexuais e incômodos na coluna lombar, nos quadris e nos órgãos
reprodutores também pode ser sinal de que este chakra precisa de um pouquinho
de atenção. Abuso sexual sofrido durante a infância pode levar a sentir este
chakra fechado ou fazer com que a energia sexual se torne a parte dominante da
personalidade. Um segundo chakra sobrecarregado pode fazer uma pessoa ter um
comportamento excessivamente emocional, ter desejo compulsivo por sexo ou ter
problemas com limites. O excesso também pode ser o resultado de um ambiente
familiar onde havia constante necessidade de estímulo sensorial (festas e
divertimento) ou dramas emocionais frequentes.
Os ásanas para o segundo chakra nos auxiliam na adaptabilidade e
receptividade. A posição da perna em Gomukhásana (postura da cara de vaca), a
flexão para frente com as pernas no primeiro estágio de Eka Pada Rajakapotásana
(postura do pombo), Baddha Konásana (postura reclinada em ângulo fechado),
Upavistha Konásana (postura do ângulo afastado), e todas as outras aberturas de
quadris e virilhas proporcionam liberdade de movimentos na pelve. Estas
aberturas de quadris e virilhas nunca devem ser forçadas, pois exigem a força
sutil e feminina de sensibilidade e entrega.
Manipura Chakra (Umbigo, Plexo Solar)
Localizado na área do plexo solar, do umbigo e do sistema digestivo, o
ardente terceiro chakra é chamado de Manipura, a “joia reluzente”. Associado à
cor amarela, este chakra está relacionado à autoestima, à energia combativa e
ao poder de transformação; ele também rege a digestão e o metabolismo. Um
terceiro chakra saudável e vivaz nos ajuda a dominar a inércia, a dar impulso à
nossa atitude de ação para que possamos correr riscos, afirmar nossa vontade e
assumir a responsabilidade pela nossa própria vida. Também é deste chakra que
sai aquela gargalhada que vem do fundo da barriga, a receptividade, a
naturalidade e a vitalidade que ganhamos ao praticar atitudes abnegadas.
Correr riscos de forma consciente é uma forma de ganhar confiança e
tornar os seus músculos de força do terceiro chakra mais flexíveis. Para
algumas pessoas, é um risco mudar de Tadásana (postura da montanha) para Urdhva
Dhanurásana (postura do arco elevado); para outros, ir à primeira aula de Yoga
já representa um risco. Os riscos podem envolver a confrontação, o
estabelecimento de limites, ou até mesmo pedir aquilo que desejamos – todos são
formas de reivindicar o nosso poder.
Problemas digestivos, desordens alimentares, sentir-se vítima, ou ter
uma baixa autoestima podem ser indícios de um terceiro chakra deficiente.
Quando você sente que está incapacitado ou precisando de uma reenergização, as
posturas do terceiro chakra avivam as chamas do seu fogo interno e restauram a
sua vitalidade, para que você possa se movimentar com a energia do seu âmago.
Pratique Suryanamaskar (saudação ao sol), posturas fortalecedoras do abdômen,
como Navásana (postura do barco), Ardha Navásana (meia postura do barco) e
Urdhva Prasarita Padásana (postura dos pés para cima), posturas do guerreiro,
torções e Bhastrika Pranayama (respiração do fole ou respiração do fogo).
Perfeccionismo, raiva, ódio e ênfase excessiva em poder, status e
reconhecimento revelam um excesso no terceiro chakra. Além disso, aceitar mais
do que você pode assimilar ou usar também indica excesso. Retroflexões passivas
e restaurativas, que esfriam o fogo interno, são agentes sedativos para um
excesso no terceiro chakra.
Vivemos em uma época em que somos pouco estimulados a prestar atenção
nos níveis naturais de energia do nosso corpo e a dar a ele o que precisa.
Assim, normalmente quando estamos muito cansados, ignoramos nossa necessidade
de descanso e manipulamos o nosso corpo com cafeína, açúcar e outros
estimulantes, criando uma falsa sensação de energia. Quando estamos superestimulados
e queremos relaxar ou nos retirarmos para dentro de nós mesmos, alguns se
voltam para o excesso de alimentos, álcool ou drogas para desacelerar. O Yoga
nos oferece uma opção diferente: escutar o que o nosso corpo está pedindo e nos
alimentarmos de verdade, utilizando os ásanas e pranaiamas certos para
proporcionar mais energia ou relaxamento. Quando fizermos isso, poderemos
sentir o sabor de nosso verdadeiro poder pessoal.
Anahata Chakra (Coração)
O quarto chakra, o chakra do coração, está localizado no centro do
sistema de chakras, no âmago do nosso espírito. Sua localização física é o
coração, a parte superior do peito e a parte superior das costas. O quarto
chakra é o ponto de equilíbrio, que integra o mundo material (os três chakras
inferiores) com o mundo espiritual (os três chakras superiores). Através do
chakra do coração, nos abrimos e nos conectamos com harmonia e paz. A saúde do
nosso centro coronário registra a qualidade e o poder do amor em nossas vidas.
Em sânscrito, o chakra do coração é chamado de Anahata, que significa
“desbloqueado” ou “íntegro”. O seu nome sugere que, lá no fundo do nosso
histórico pessoal de tristeza e dor, nosso coração abriga integridade, amor
infinito e uma fonte infinita de compaixão.
O elemento deste chakra é o ar. O ar se espalha e energiza. Assim como a
água, o ar assume a forma daquilo que preenche, apesar de ser menos sujeito à
gravidade do que a água. Quando você se sente arrebatado de paixão, geralmente
precisa replantar o seu primeiro chakra para se manter “aterrado”. O ar permeia
a respiração e, por isso, a prática de pranaiamas ajuda a equilibrar e a
harmonizar este chakra. Todas as formas de pranaiama podem ajudá-lo a usar
melhor o ar e o prana e, assim, aumentar a sua vitalidade e o entusiasmo pela
vida.
Se você perceber que a sua postura projeta a sua cabeça para frente, com
os ombros arredondados e o seu peito caído, está na hora de começar a praticar
posturas para o quarto chakra e dar espaço para o seu coração respirar. Quando
nos guiamos com a cabeça e não com o coração, podemos estar muito focados nos
pensamentos e temos tendência a nos distanciar de nossas emoções e do nosso
corpo. Quando o chakra do coração está deficiente, você pode sentir vergonha e
solidão, incapacidade de perdoar ou falta de empatia. Os sintomas físicos podem
incluir respiração superficial, asma e outras doenças pulmonares.
Entre os ásanas que aliviam o chakra do coração estão as aberturas
passivas do peito, nas quais arqueamos suavemente sobre um cobertor ou
almofadão, alongamentos de ombros, tais como as posturas de braços Gomukhásana
e Garudásana (postura da águia), além das retroflexões. Como é um chakra
feminino e de número par, o centro coronário deseja naturalmente se soltar e
relaxar.
As retroflexões ajudam a desenvolver a confiança e a entrega de que
precisamos para abrir totalmente o coração. Quando nos sentimos apreensivos,
não há espaço para o amor, e os nossos corpos ficam contraídos. Quando optamos
pelo amor, os medos se dissolvem e a nossa prática adquire uma qualidade de
alegria. Em várias retroflexões o coração fica em uma posição mais alta do que
a cabeça. É maravilhosamente restaurador deixar a mente sair da posição
superior e sermos guiados pelo coração.
Alguns sinais de que o chakra coronário está oprimindo a sua vida são a
codependência, possessividade, ciúmes, doenças coronárias e pressão alta. Para
estes sintomas, as flexões à frente são o melhor antídoto, pois são
“aterradoras” e promovem a introspecção. Enquanto que as pessoas que têm
chakras coronários deficientes precisam se abrir para receber o amor de forma
mais integral, aqueles que têm um excesso no chakra coronário se sentem
aliviados ao desacelerar e descobrir dentro de si mesmos o alimento que estavam
buscando nos outros.
A forma mais poderosa para abrir, energizar e equilibrar não apenas o
chakra do coração, mas todos os nossos chakras, é amar a nós mesmos e aos
outros. Amar é a melhor forma de curar. Em nossa prática de hatha yoga, quando
lembramos daquilo que amamos e estimamos enquanto praticamos os ásanas para o
quarto chakra, fortalecemos o poder das posturas e do nosso bem-estar em geral.
Visuddha Chakra (Garganta)
Como vimos, o chakra do coração forma uma ponte entre os centros de
energia mais físicos e inferiores e aqueles mais metafísicos e superiores.
Conforme ascendemos pelos chakras, o quinto é o primeiro a estar focado
principalmente no plano espiritual. O chakra da garganta, chamado Visuddha,
está associado à cor azul-turquesa e aos elementos som e éter, o campo das
vibrações sutis, que os antigos indianos acreditavam permear o universo.
Localizado no pescoço, na garganta, na mandíbula e na boca, o chakra
Visuddha repercute com nossa verdade interior e nos ajuda a encontrar uma forma
pessoal de propagar a nossa voz ao mundo exterior. O ritmo na música, a
habilidade da dança, a vibração do canto e a comunicação que fazemos através da
escrita e da fala são formas de nos expressarmos através do quinto chakra.
Visuddha significa “puro” ou “purificação” Purificação do corpo através
da atenção à aquilo que comemos, Yoga, meditação e exercícios nos faz
desabrochar para a experiência de aspectos mais sutis dos chakras superiores.
Alguns iogues percebem que quando bem mais água e abandonam produtos como
tabaco e laticínios, conseguem soltar o pescoço e os ombros e limpar a voz.
Além disso, o próprio som é purificador. Se você pensar na forma como se sente
depois de entoar canções devocionais indianas, ler poesia em voz alta, ou simplesmente
cantarolar a sua música favorita, vai perceber como as vibrações e ritmos
afetam o seu corpo de forma positiva até o nível celular.
Energia deficiente neste chakra causa rigidez no pescoço, tensão nos
ombros, briquismo, problemas nos maxilares, indisposições na garganta, tireóide
hipoativa e medo de falar. Falar demais, incapacidade de escutar, problemas de
audição, gagueira e uma tireóide hiperativa estão relacionadas a excessos neste
chakra.
Dependendo da indisposição, alguns alongamentos do pescoço e aberturas
de ombros, como Ustrásana (postura do camelo), Setu Bandha Sarvangásana
(postura da ponte), Salamba Sarvangásana (postura invertida sobre os ombros) e
Halásana (postura do arado), podem ajudar o quinto chakra.
Ajña Chakra (Terceiro Olho)
Você consegue se lembrar do que sonhou na noite passada? Pode imaginar
como gostaria que o seu corpo se sentisse amanhã? Estas habilidades
imaginativas – visualizar o passado, criar imagens positivas do futuro e
“sonhar com os olhos abertos” – são aspectos do Ajña Chakra, cujo nome em
sânscrito significa tanto “o centro da percepção” como “o centro de comando”.
Associado ao elemento luz e à cor azul-índigo, o sexto chakra está localizado
no meio e logo acima dos olhos físicos, criando um terceiro olho espiritual.
Enquanto nossos dois olhos veem o mundo material, o nosso sexto chakra vê além
do físico. A visão inclui a clarividência, telepatia, intuição, os sonhos, a
imaginação e a visualização.
O sexto chakra está envolvido tanto na criação e percepção da arte
quanto no reconhecimento de que aquilo que vemos tem um poder de impacto sobre
nós. Mesmo quando não nos damos conta disso, somos todos sensíveis a imagens
que encontramos em nosso meio. Lembro-me ter sido uma adolescente que cresceu
na cidade de Los Angeles em meio a uma profusão de outdoors de cigarros e
bebidas alcoólicas.
Olhar para eles não me fazia sentir saudável ou feliz; pelo contrário,
eles me passavam a mensagem de que eu precisava de drogas para me sentir um ser
completo. Logo depois fui para a Tailândia, para fazer um intercâmbio como
estudante de ensino médio. Em vez de outdoors, vi estátuas de Buda nas ruas;
aquelas imagens serenamente majestosas despertaram a minha união com a paz
interior.
Quando o terceiro olho está excessivamente carregado de energia, temos
dor de cabeça, alucinações, pesadelos e dificuldade de concentração. Quando
este chakra está deficiente, nossa memória fica fraca, temos problemas de
visão, dificuldade em reconhecer padrões e nossa imaginação fica prejudicada.
Às vezes gosto de trabalhar este chakra em minhas práticas de Yoga,
pedindo que os alunos façam uma aula inteira com os olhos vendados. Ao serem
temporariamente privados da visão, que é responsável por um grande percentual
da nossa absorção sensorial, os alunos têm uma experiência totalmente nova com
o Yoga. Eles não se distraem com a sala e os outros alunos, ou olhando de forma
crítica para os seus próprios corpos. Em vez disso, eles vivenciam o pratiaara,
ou retração da atividade sensorial.
Após uma aula como essa, os alunos comentaram comigo que tiveram
profundos insights sobre seus corpos e suas vidas, que só lhes ocorreram porque
sua visão estava mais profundamente direcionada para dentro de si mesmos. Outra
abordagem ióguica para ajudar na saúde do Ajña Chakra consiste em fazer flexões
à frente com suportes, colocando mais um almofadão ou cobertor para pressionar
e estimular a área do terceiro olho. Além disso, criar imagens e visualizações
positivas é uma prática que ajuda a ter um sexto chakra mais saudável. Estas
visões afirmativas agem como ímãs naturais, direcionando a situação imaginada
para a sua vida.
Sahasrara Chakra (Coroa)
O nome em sânscrito para o sétimo chakra é Sahasrara, que significa “milhares”.
Apesar de este chakra ser representado por uma flor-de-lótus com centenas de
pétalas (símbolo de pureza e espiritualidade), o número 1.000 não tem um
significado literal; na verdade, ele representa a natureza infinita deste
chakra, que nos proporciona a mais direta conexão com o Divino. Apesar dos professores
associarem este chakra à cor violeta, ele é normalmente associado ao branco,
uma combinação de todas as cores, pois este chakra sintetiza todos os outros.
O sétimo chakra está localizado na coroa da cabeça e funciona como uma
coroa para o sistema de chakras, simbolizando o mais elevado estado de
iluminação e facilitando o desenvolvimento espiritual. O sétimo chakra também é
como um halo sobre a cabeça. Artisticamente, Cristo é frequentemente
representado com uma luz dourada ao redor de sua cabeça, e o Buda aparece com
uma projeção sobre sua cabeça vinda de cima. Em ambos os casos, estas imagens
representam a espiritualidade despertada do Sahasrara Chakra.
O elemento do sétimo chakra é o pensamento, e este chakra está associado
às mais altas funções da mente. Apesar de que a mente não pode ser vista ou
sentida de forma concreta, ela cria os sistemas de crenças que controlam nossos
pensamentos e ações. Para dar um exemplo simples, o meu aluno George teve uma
queda feia de um beliche quando era criança. Agora, com 40 anos e um porte
atlético, ele ainda tem medo de fazer posturas invertidas. Seu antigo trauma
ajudou a criar a crença de que ficar de cabeça para baixo era sempre perigoso.
Apesar de que agora ele tem a capacidade para aprender de forma fácil e segura
a fazer inversões, o medo faz com que ele fique paralisado e a sua crença se
torna uma profecia que se cumpre por si mesma. Assim criamos as nossas vidas, a
partir dos pensamentos que temos.
Um excesso neste chakra se manifesta através de uma intelectualidade
excessiva ou o fato de considerar a si próprio como membro de uma elite
intelectual ou espiritual. No caso de energia deficitária, há uma dificuldade
em pensar por si próprio, apatia, ceticismo espiritual e materialismo.
A meditação é a melhor prática ióguica para trazer equilíbrio a este
chakra. Assim como o nosso corpo precisa de banhos regulares, uma mente muito
ocupada com pensamentos e preocupações também precisa de limpeza. Qual o
objetivo de se lidar com os problemas de hoje com a mente confusa de ontem?
Além disso, a energia deste chakra nos ajuda a vivenciar o Divino, a nos
abrirmos para um poder mais profundo. Todas as várias formas de meditação,
incluindo tanto a concentração quanto as práticas de autoconhecimento, permitem
que a mente se torne mais presente, clara e capaz de compreender.
Os antigos hindus associavam os chakras à deusa da serpente adormecida,
chamada Kundalini. Ela fica enrolada na base do primeiro chakra e, quando
despertada, flui para cima através dos canais de energia (nadis) e penetra em
cada chakra, proporcionando estados superiores de consciência de forma
sucessiva, que culminam com a iluminação no chakra da coroa.
Ao almejar a transcendência, muitas pessoas que buscam estados de
consciência superiores negligenciam a importância dos chakras inferiores.
Entretanto, todos nós precisamos do suporte sólido e forte dos chakras básicos
para nos abrirmos para a espiritualidade de forma saudável e integrada.
Os chakras inferiores contemplam detalhes como nossa casa, família e
sentimentos, enquanto que os chakras superiores desenvolvem visões sintetizadas
e sabedoria, que nos ajudam a compreender a grande ordem de todas as coisas.
Todos os nossos chakras influenciam uns aos outros e, no final das contas, eles
trabalham em conjunto.
Conforme aprendemos a usar este antigo sistema indiano para entender as
nossas vidas, podemos aumentar nossa compreensão sobre questões pessoais que
exigem nossa atenção – e podemos utilizar as técnicas de hatha yoga para
devolver a harmonia aos nossos chakras e às nossas vidas.
Barbara Kaplan Herring é professora de Yoga na
cidade de El Cerrito, Califórnia.
Tradução de Estela M. F. Carvalho.
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